quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Cansei de Ser Sexy prepara terceiro álbum e sonha com turnê no Brasil


Gravando o terceiro álbum, o Cansei de Ser Sexy ou CSS, como foi rebatizado para facilitar a pronúncia em língua inglesa - está de volta ao Brasil. Para morar - mas não para tocar.
Com sete anos de carreira (dos quais mais de três foram vividos em Londres), a banda já fez shows em todos os cantos do mundo.
Estiveram na China, Japão, Austrália, Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, Reino Unido, Finlândia, Portugal etc.
Na maior parte desses países, passaram mais de uma vez. Em alguns, muitas. Mas, ironicamente, ainda esperam o momento de fazer a primeiríssima turnê aqui, no país em que nasceram.
A única apresentação brasileira da banda desde que eles "fugiram para o mundo", em 2006, aconteceu no Festival Planeta Terra de 2007. Depois, nunca mais.
"As pessoas [no Brasil] até chamam a gente, mas é pra tocar no quintal da casa de alguém --o que, a essas alturas, não dá pra fazer", diz a guitarrista Ana Resende.
É a memória do que eles foram. Até o lançamento do primeiro disco, em 2005, o Cansei era conhecido, sobretudo no circuito alternativo paulistano, por shows completamente despretensiosos, em qualquer buraco que lhes oferecesse abrigo e alguma bebida de graça.
E, dá para apostar, ainda estariam nesse esquema mambembe se não tivessem ido tentar a vida lá fora.

Disco novo retoma tom despretensioso do começo da banda

O que comeveu mesmo a imprensa internacional quando o Cansei de Ser Sexy lançou o primeiro álbum, em 2005, foi a despretensão.
Os críticos, sobretudo ingleses, se renderam imediatamente àquelas meninas todas (eram cinco, mais o menino Adriano Cintra) cantando letras divertidas sobre instrumental electro, meio rock, meio tosco. "Uma mistura de Kraftwerk com Spyce Girls", conforme descreveu um daqueles jornalistas.
Se Donkey (2008), o segundo album, fez desvio nesse caminho e foi beber nas fontes mais "sérias" do rock, o disco que vem por aí (ainda sem nome definido) retoma - e até aprofunda - o espirito de estreia.
As batidas eletrônicas e as guitarras continuam sendo a base da questão, mas agora vem bordadas por instrumentos acústicos - trompetes, escaletas, violões.

Segundo o baixista e compositor Adriano Cintra, a pegada roqueira de "Donkey" aconteceu por ser ele um disco de estrada, feito entre uma turnê e outra, sem descanso.
Nesse novo trabalho, o processo é totalmente outro. A banda bloqueou por completo a agenda de shows em 2010 e tem se dedicado exclusivamente às gravações do disco, que acontecem no estúdio que o Adriano montou no final do ano passado, no Alto de Pinheiros (SP).


Gipsy Kings

O músico afirma que uma das referências istrumentais usadas no disco é a batidas de violão dos Novos Baianos. Mas há mais.
"Numa das músicas, eu queria um violão do Gipsy Kings", diz, referindo-se ao famoso grupo de música flamenca. "Como ninguém na banda saberia tocar daquele jeito, chamamos o Tuco Marcondes e ele fez pra gente."
Escritas quase sempre pela Lovefoxxx, as letras do novo álbum foram pensadas a partir do olhar de um adolescente.
Ela conta que a ideia nasceu a partir dos e-mails que os fãs mais jovens, daqui ou de lá de fora, têm mandado para a caixa postal da banda.
"É a coisa mais fofa", diz. "Gente de 14 anos falando que saiu do armário por causa de uma música nossa, ou que perdoou os pais, ou que quis sair de casa. Eu sei que isso é normal em música pop, mas eu nunca achei que fosse capaz disso um dia."
Toda a base instrumental já está gravada. Só faltam alguns vocais e o disco fica pronto para ser publicado.
O lançamento, no entanto, está previsto para o começo do ano que vem - primeiro lá fora, na Europa e nos Estados Unidos, só depois aqui.
"O que a gente queria mesmo era já estrear o show aqui no Brasil", dia Lovefoxxx. "Vamos ver se chegou nossa hora."

Extra: Vocalista do Cansei de Ser Sexy rebate boatos sobre término do grupo
"A gente chegou [para fazer shows] no Japão e todo mundo achava que a banda tinha acabado", contou em entrevista à Folha. "Mas a gente só estava de férias", diz a vocalista. Ouça o Podcast.

Fonte: Marcus Preto / Folha.com / Folha de São Paulo (Ilustrada) - Foto: Marisa Cauduro